
Este era um espaço cuja função original se destinava ao armazenamento de azeite e que, após a minha intervenção, acolhe as instalações do meu atelier. Tratando-se de um edifício do início do século XX, que já não se encontra em actividade por não cumprir com as normas exigidas à produção de azeite, colocava-se a necessidade de conciliar o carácter museológico com as funções actuais.
A "casa do azeite" teve uma primeira intervenção minha há 10 anos, na qual apenas procedi à limpeza do espaço e pintura das paredes. A intervenção actual foi mais profunda, as paredes precisavam de reboco em alguns locais onde existiam frestas, as portas precisavam de pintura e madeiras novas, as talhas de azeite necessitavam de restauro, etc. Numa fase inicial, procedi ao reparo das paredes e portas, seguido da pintura dos mesmos com cal. Nas paredes optei por pintar num tom cinza claro, para o qual misturei cimento na cal; nas portas utilizei um pigmento preto que, misturado com a cal, dá origem a um cinza escuro, tendo dado o acabamento final com cera. De seguida apliquei uma mistura de cimento e água no chão.
Terminado este processo, dei início ao restauro das talhas. Este foi um trabalho demorado e difícil, dada a dimensão das mesmas, tendo consistido na remoção da tinta e ferrugem com uma escova de aço e na aplicação de verniz para metais.
Para o atelier, utilizei um cacifo de madeira para armazenar as ferramentas de trabalho; a secretária foi conseguida através da reciclagem de um banco de carpinteiro (base) e um taipal (tampo); uma cadeira de estirador e uma outra que encontrei no lixo; para a iluminação, reciclei uma gaveta, tendo substituído o fundo com um material translúcido e pintado a estrutura na mesma cor da secretária.






